O gráfico do Ethereum, em azul, mostra o quanto a criptomoeda domina o mercado de criptoativos. Em vermelho, vemos o agregado da dominância de todas as outras criptomoedas alternativas catalogadas no sistema do TradingView, excluindo-se as 10 maiores moedas por capitalização de mercado.
Logo, observamos a imensa volatilidade do mercado de altcoins, justificada por sua menor capitalização de mercado. Sobretudo, o que mais chama a atenção é como o Ethereum perdeu espaço de mercado nos últimos 18 meses, passando de 20% para 12% de dominância.
Nota: a comparação aqui não é em valor absoluto, mas sim considerando cada ativo em sua escala, na janela de tempo de 2 anos.
O que salta aos olhos inicialmente são os períodos de correlação entre a dinâmica de preços dos dois ativos. De junho de 2023 a dezembro de 2023, o mercado de altcoins aumentou sua dominância de 8,3% para 13,4%.
Uma das principais explicações para a perda de market share do Ethereum é a migração de investimentos da rede ETH para projetos de Layer 2. Atividades que antes eram realizadas na rede principal do Ethereum migraram para soluções de escalabilidade como Polygon, Arbitrum e Optimism. Embora esses projetos sejam baseados no Ethereum, sua capitalização de mercado não é contabilizada diretamente como parte do ETH, o que naturalmente reduz sua dominância.
Além disso, pode-se atribuir grande mérito ao expressivo movimento das criptomoedas Solana e Avalanche, que impulsionaram esse cenário.
No caso da Avalanche (AVAX), em 2023, o entusiasmo foi gerado por parcerias estratégicas e pela expansão do ecossistema, com foco em soluções de escalabilidade e eficiência por meio das subnets. Já a Solana (SOL) consolidou-se como referência em NFTs e DeFi, mantendo-se até hoje como uma das principais moedas, embora o Ethereum continue sendo o líder em DeFi.
Outro fator que contribuiu para a perda de dominância do Ethereum é o aumento consistente de novos entrantes no Bitcoin, cuja participação no mercado cresce continuamente. Nem todos esses novos investidores alocam recursos no Ethereum, seja por desconhecimento ou por restrições regulatórias.
O Ethereum está se tornando uma moeda ruim?
É precipitado afirmar que o Ethereum está em decadência, especialmente por ser o lar e a rede vital de inúmeros projetos, além de ser o precursor dos Smart Contracts.
Ao analisarmos o gas (em laranja), que representa a taxa cobrada para executar operações na rede Ethereum, observamos diversos picos de uso mesmo durante o declínio da dominância. Atualmente, o gas está estabilizado abaixo de 20 bilhões, o que é uma média considerada boa. Uma hipótese é que as transações estão sendo realizadas em redes Layer 2 (como Arbitrum, Optimism e zkSync), aliviando a pressão sobre a mainnet Ethereum. Essas redes permitem reduzir os custos de gas enquanto mantêm a segurança da rede L1. Para que os resultados das transações em L2 sejam registrados na mainnet (L1), utilizam-se os rollups, que consolidam as transações e ajudam a desafogar o ecossistema, mas trazem uma nova perspectiva de volume como observado mais recentemente na queima do gas.
Ciclos de mercado, stablecoins e a concorrência ajudam a explicar esse movimento. Ainda assim, continuamos a ver crescimento no número de usuários, endereços ativos e no staking, o que reforça o argumento de que o sistema não está enfraquecendo. A maior prova disso é o preço do Ethereum, que também está subindo e permanece próximo de sua máxima histórica, mesmo com a diminuição de sua dominância.
É interessante destacar que essa é uma moeda criada em 2015, que em breve completará 10 anos de uso e operação. Ela tem se mostrado sólida e oferece boas perspectivas para o futuro.
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